sábado, junho 07, 2008

Metallica and Nothing Else Matters


Finalmente, finalmente já posso riscar da minha lista de concertos os senhores do metal. Metallica veio até Portugal pela terceira vez nos últimos 4 anos, e finalmente eu pude ir ver. A expectativa criada ao longo do dia foi subindo, aos poucos a ansiedade de finalmente ver e ouvir ao vivo aquela que considero A banda de metal chegou ao limite. Mas já lá vamos…
Ao sair na estação da Bela Vista uma fila enorme de pessoas vestidas de preto, de cabelos grandes, de barbas por fazer e com aspecto de armários, rumava em direcção ao parque da Bela Vista, para o primeiro dia da segunda fornada de Rock In Rio, tais formigas em busca de alimento. Enfim dentro do recinto, uma panóplia de divertimentos, de gifts, de passatempos, mas a ideia era rumar em direcção ao palco Mundo e arranjar um sítio bem confortável para ouvir Moonspell. Fernando Ribeiro subiu ao palco com a sua banda e os elementos das Crystal Mountain Singers, visto o novo álbum se marcar pela presença de vozes femininas. Muita música nova, mas o que a multidão queria ver e ouvir era Irreligious e Wolfheart. Apesar da honra de fazerem parte do alinhamento de um dia daqueles, o time slot a que são sujeitos, mais uma vez, faz com o espectáculo que eles montam em palco seja prejudicado pela luz de fim do dia. Mas, isso não os impediu de mostrar porque é que são A banda de metal portuguesa, nem os impediu de fechar com a mística Full Moon Madness, sem antes nos presentear com Alma Mater!
Apocalyptica subiram ao palco, e é fascinante o que uma bateria e alguns violoncelos conseguem produzir um som em que tudo se assemelha a uma banda de metal com guitarras e baixo. Sem vozes, mas isso não impediu que a plateia não soubesse de cor a Seek and Destroy que mais tarde seria devolvida ao público pelos verdadeiros donos… Um concerto com instrumentos, normalmente associados a música clássica, não estaria completo sem algo mais clássico, então, logo após um apelo por parte da banda para a Green Peace, a quinta sinfonia de Beethoven saiu das cordas dos cellos. Foi no mínimo um concerto surpreendente e diferente.

Pausa para o jantar, e tempo suficiente para deixar cair a noite e ver a multidão, que tinha andado mais ou menos dispersa, a se aproximar do palco mundo e a preparar-se para Machine Head. “Circle pit! Circle pit!” era o apelo feito pelo vocalista, não que isso fosse necessário para instalar a confusão, porque o natal é quando o homem quiser e o mosh pit é onde o metaleiro quiser. Ao mesmo tempo que apelava à confusão, também rapidamente pedia que levantassem quem caísse ao chão. E as imagens que apareciam nos ecrãs gigantes ao lado do palco mostravam que a clareira aberta para o pit era enorme! De resto, e não sendo fã de Machine Head, posso dizer que assim que começaram os acordes de Hallowed Be Thy Name de Iron Maiden a multidão acompanhou o vocalista nas letras fielmente.
A pausa feita para mudar o palco, prepará-lo para a banda cabeça de cartaz, foi o suficiente para nos empurrarmos pela multidão até à frente do palco de onde eu via confortavelmente o palco e os ecrãs. E valeu tanto a pena…

James, Kirk, Lars e Robert apesar de um ano fechados em estúdio a gravar o novo álbum de originais (cinco anos depois de St. Anger), chegaram com a energia que já lhes é característica. Creeping Death abriu, o pit começou, o pessoal foi empurrado e eu fiquei confortavelmente à larga para um sítio tão privilegiado. James imparável, correu o palco de um ponta à outra, a pirotecnia, a vontade de Lars tocar em pé, atravessado, aos pulos era admirável, e o SENHOR da guitarra Kirk… O solo de Kirk antecipou Nothing Else Matters, levou a multidão que se manteve fielmente em pé um dia inteiro a entoar em plenos pulmões a letra daquela que é das músicas mais conhecidas de sempre. A eterna balada de Metallica!
Who cares about you? Metallica does!
O alinhamento pecou no sentido em que quiseram trazer aqueles temas que menos reconhecimento tiveram ao longo da carreira, Bleeding Me, King Nothing e Devil’s Dance proporcionaram momentos mortos, e quebraram o concerto, que rapidamente foi reposto com old school. E nós queriamos old school, queriamos old, muito old, e em muita quantidade! Então foi-nos servido Fuel, Harvester Of Sorrow, (Welcome Home) Sanitarium, Master Of Puppets, Sad But True, One (acompanhada de fogo de artifício) e Enter Sandman. Encore e fechar com Seek and Destroy!

Foi delicioso ver o sorriso de satisfação estampado na cara de Hetfield ao ouvir o público que se estendia pelas colinas do parque da Bela Vista a entoar em uníssono os clássicos, músicas com mais de duas décadas, mas que ninguém esquece nem se cansa de ouvir.
Metallica cares about us, and we love Metallica!

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