Metallica no Super Bock Super Rock: a memória perdura
29.06.2007 - 12h31 Silvia Pereira, PUBLICO.PT
Muitos fãs nº1, muitos fãs de outros tempos, muitos fãs de metal, muitos fãs novos (a aprender com os discos dos irmãos mais velhos?), muitos, muitos fãs. O Parque do Tejo viveu uma enchente sem precedentes em matéria de pesos-pesados. Ontem, na inauguração da 13º edição, o Super Bock Super Rock trouxe a Lisboa o supra-sumo. Metal é Metallica e Metallica é metal. Metallica é também uma família, uma gigantesca família capaz de deixar o pseudo-durão James Hetfield com a mão sobre o coração.
Foi ao coração desses muitos fãs nº1 que o concerto se dirigiu. Podiam ter tocado os maiores sucessos, mas escolheram tocar as músicas que melhor definem o que os Metallica representam. Essa âncora está nos grandes álbuns dos anos 80. Pouco espreitaram para o passado mais recente.
"Metallica" foi visitado em hinos como "Unforgiven", "Nothing else matters", "Sad but true" e "Enter Sandman". Da era seguinte, a das polémicas e dos cortes de cabelo, pouco se ouviu, à excepção de "The memory remains". O tema de "ReLoad", esse dueto improvável com Marianne Faithfull, foi escolhido sem ingenuidade e protagonizou um dos momentos mais fortes da noite, com a banda a parar para deixar ouvir o magnífico coro de vozes que vinha da plateia à sua frente. Ainda a procissão ia no adro.
Ainda Lars Ulrich havia de se levantar muitas vezes da sua bateria para vir olhar o público – e deixar-se ver, que o músico dinamarquês sempre gostou que o protagonismo do vocalista James Hetfield fosse partilhado. Ainda Kirk Hammett havia de dar largar à sua guitarra em velocidade supersónica. O baixista Robert Trujillo, o mais novo do gang, ainda havia de ter o seu momento de solo. E James ainda ira gritar "Urah!" mais uma série de vezes.
Sentia-se a necessidade, da parte do público, de celebrar a vertigem dos Metallica essenciais. Vontade feita: foi vertigem de concerto, com ataque inicial em "Ride the lighning" e "Disposable heroes" e passagem por temas emblemáticos como "For whom the bell tolls", "... and justice for all", "Fade to black", "Battery", "Master of puppets" ou "One" (pirotecnia e vídeo a sublinhar uma letra sobre vítimas de guerra, tão forte hoje como quando foi escrita). O final rebentou a escala: "Seak & Destroy", do seminal "Kill'Em All" (1883).
A noite foi toda deles
Em 1993, encheram o velho estádio de Alvalade, em pleno coração do chamado "Black Álbum", o tal que colocou o metal na rádio e no cimo das tabelas de vendas. Hoje, raramente passam na rádio e o fenómeno de vendas dificilmente se repetirá. E, mesmo assim, o Super Bock Super Bock foi todo deles. Quando subiram ao palco, eclipsaram as actuações das seis bandas anteriores: Men Eater, More Than A Thousand, Blood Brothers, Mastodon (que teriam, de outra forma, levado para casa o troféu de concerto da noite), Stone Sour e Joe Satriani (queremos voltar a ver o virtuoso construtor de canções em guitarra numa casa mais intimista).
O concerto dos Metallica cala as vozes que fazem da sua vitalidade e relevância um assunto discutível. São vitais e relevantes, e não só para o metal. Ao contrário de outras bandas, não são só uma viagem a um passado glorioso, mesmo que assumam no alinhamento que é aí que está a sua essência. Há ali uma centelha que desmente a sua proclamada decadência. "St Anger" já tinha sido um estalo de luva branca. Vejamos o que traz o próximo álbum, prometido para o ano.
No final deste concerto da digressão "Sick of the Studio", os quatro – cada vez mais longe de serem três mais um (Trujillo) – deixam-se ficar em palco para contemplar a multidão, que não se cala em aplausos. Eles aplaudem também, distribuem palhetas e têm dificuldade em resistir a mais um encore.
James Hetfield têm a mão sobre o peito. Não, estes durões não podem deixar de se sentir tocados pela confiança, apoio e respeito que estes milhares de pessoas lhes continuam a oferecer (oferta ainda mais válida por não ser cega e incondicional – os fãs de Metallica são também os primeiros a criticá-los por manobras ao lado). E não, não se pode deixar de aplaudir uma banda que, com a pele curtida por tantos anos e problemas, se reergueu para voltar a encarnar essa espécie de monstro que continua tão viva na memória como em palco.
sexta-feira, junho 29, 2007
E porque eu não posso
Já que eu não posso fazê-lo, dou voz a quem pode, e transcrevo aqui a reportagem que li no Público Online, escrita pela jornalista Silvia Pereira (era quase...lol):
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2 comentários:
O que perdi... Sniff... Sniff... :'(
Deixa lá, eles voltam!
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