Eu nem sabia... Quer dizer, sabia, tinha ouvido falar, uns sussurros aqui e além... Mas nada de preto no branco... Como eu não fui, vou deixar aqui o texto que Nuno Markl escreveu sobre o concerto. Parece-me bastante conciso. Podem também consultar a reportagem feita pela Blitz.
Há que dizer, antes de mais, que são muito raras as pessoas que me rodeiam que gostam de Sigur Rós. E estamos a falar de pessoas musicalmente informadas e de bom gosto. Sucede que a opinião geral é de que a música dos rapazes faz sono e é possivelmente a coisa menos cool de se gostar desde os pullovers de lã com bordados natalícios.
Para mim - e atenção que sou um gajo que não aprecia nada secas musicais e coisas como solos de guitarra de vinte minutos - a música dos Sigur Rós nada tem de seca e sempre me soou a algo que chega de mais longe do que a Islândia. Eu diria que aquilo não vem de outro planeta; vem mesmo de outra dimensão, e agarrou-me desde que, há uns anos, ouvi os primeiros acordes do álbum Agaetis Byrjun, disco que, apesar de não ser o primeiro da banda, foi o que os apresentou de forma emocionante ao planeta Terra.
Ontem, ao vê-los ao vivo pela primeira vez, senti o mesmo tipo de revelação do dia em que, pela primeira vez e sem saber exactamente ao que ia, pus a tocar o CD de Agaetis Byrjun. Desta vez sabia ao que ia (entretanto tornei-me um coleccionador de tudo quanto esta rapaziada já criou, incluindo uma ou outra raridade), mas assistir ao milagroso show deles a acontecer à minha frente, perceber que a voz de Jónsi Birgisson existe, à parte de eventuais manipulações que possam ser feitas em estúdio (mas que não são), é coisa para saltar da categoria de mero concerto e passar directamente para a classe de experiência única.
E pronto: nestas alturas haverá sempre quem já os tenha visto ao vivo anteriormente e que dirá que os outros concertos é que foram bons e que este foi assim-assim comparado com os outros. Sobre isso não sei nada: sei que ontem, no meu primeiro concerto dos Sigur Rós, aquilo foi mágico e, ainda por cima, o som da sala estava cristalino, tanto nos momentos melódicos delicados como nas explosões brutais de guitarras e percussão (como no caso da música final, que deixou muito boa gente boquiaberta e a banda certamente a precisar de massagens).
Pormenor que ainda estou para perceber se era verdade ou se foi impressão minha (se alguém esteve ontem no Campo Pequeno, que me ajude): não havia pessoas a pedirem-lhes músicas proferindo os impronunciáveis títulos? Se sim, essas pessoas são claramente os meus heróis. É que é a primeira vez que sou fã de uma banda de cujas canções não consigo dizer os nomes.
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